Sainete

11 de Fevereiro de 2007, pelas 18.00 h

Criação de Deodato Santos

De 4 a 11 de Fevereiro, a “Artebúrguer” vai festejar o seu terceiro aniversário com mais uma exposição, um encontro e uma apresentação teatral.

No dia 11, Deodato Santos apresentará o seu teatro “Sainete”, pelas 18 horas.

A Artebúrguer fica situada entre o parque de estacionamento e a igreja, na Vila da Luz, perto da cidade de Lagos.

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CENAS MUDAS INTERPRETADAS POR MÁSCARAS EM MADEIRA

 

CRIAÇÃO E MANIPULAÇÃO Deodato Santos

Sainete: breve composição teatral e também: gosto especial, graça, coisa que agrada. Era mais nesse sentido que Sebastião Murtinheira, figura de Lagos, o empregava “...deu um grande sainete”. É pois ao citado que o autor deste pequeno teatro foi buscar o seu nome, tendo sido com S.M., aliás, que aprendeu a fazer teatro de fantoches. É a continuação de uma homenagem iniciada com uma peça escultórica presente no Centro Cultural de Lagos.

 

   

 

Primeira parte

      

O Peixe

1– Meio dia na Praia       2–  A Pesca        3–  Peixe Voador

      

A Árvore 

4–  Plantação        5–  Queda da Folha        6–  O Fruto

 

INTERVALO

 

Segunda parte

 

O Voo

1–  O Sacrifício        2–  Asa Ferida        3–  Ganhar Asas

 

A Lua 

4–  Irradiação do Fogo        5–  Coroação        6–  Insistência        Valsa de Erik Satie

 

   

      

Fundo sonoro

Vibrations of vedic mantras , por Mohani Heitel

 

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MEIO-DIA NA PRAIA

1

Sempre presente, de olhar mamífero vigilante, parecendo não ter destino próprio, aquele peixe salvou-o no decurso veloz e opressivo do espaço de tempo denominado como semana. Primeiro, quando o retirou do meio das águas para cujo fundo seguia exausto, depois, quando o vaivém do sol deixando-o faminto dele se serviu como alimento.

2

No decurso da mesma semana o homem foi salvo pelo mesmo peixe. Da primeira vez emergindo-o quando já se encontrava no fundo da pequena baía, da segunda vez quando o sol marcando o passar do tempo e dos sentimentos, lhe marcou a falta de alimento. Sacrificado o peixe, que sempre por ali se quedara vigiando a sua convalescença, resistiu mais três dias. Nada se passou nesses três dias que parecesse justificá-los ou ao sacrifício. A não ser que fora esse o tempo de agonia que deveria cumprir.

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Deodato Santos

Lagos, 1939

O AUTOR FALANDO DA OBRA

Trata-se de um exercício em que, com um reduzido número de coisas, se procura criar possíveis variantes.

Em duas cenas as personagens, com os mesmos objectos, chegam a finais diferentes.

Tal como na música, quando uma determinada composição pode dar origem a muitas “variações”.

A cena Meio-Dia na Praia deu nascença, a posteriori, a dois textos em que todas as componentes ali estão, sem mais acrescentos, e que produz duas composições literárias paralelas. É possível que consiga fazer o mesmo com todas as outras cenas, o que poderia levar a uma bem composta produção literária de edição própria.

A música tem uma grande parte na fundação desta criação, se pensarmos em Mozart que dizia que o mais importante na música era o silêncio. De facto, à duração de uma nota sonora corresponde a duração de uma nota de silêncio. O silêncio suporta o som e o som dá consistência ao silêncio.

O silêncio temo-lo aqui na ausência de palavras e no fundo sonoro que é uma longa linha melódica sem sobressaltos – (alguém poderá dizer monótona).

Na primeira apresentação pública ainda eram transmitidos sublinhados musicais acompanhando três cenas inspiradas pelo Pierrot Lunaire de Schonberg.

A alteração agora produzida parece-me de maior efeito e ajuda à unidade da obra. Restou Erik Satie, também ele um modelo da sobriedade estética do silêncio, por escolha de uma chave para o texto.

Tudo isto para falar de uma das bases da experiência. Há outras mas agora fiquemos por aqui.

Este tipo de comunicação produz em quem vê uma forma bem precisa de a ela assistir e de a ela reagir.

Quando não há o veículo da palavra são outros os meios que a nossa mente põe em acção para apoderar-se do que é transmitido, chamando assim coisas bastante profundas da nossa consciência.

Todas as cenas foram criadas por mim e embora não haja uma continuidade dramática entre elas, quando chego ao fim das longas sessões de trabalho, fico com a sensação de que uma linha de costura as atravessou todas do princípio ao fim.

Mas claro, nunca conseguirei ver o espectáculo como o vê o espectador.

Visto de dentro, não consigo ver muitas imagens, fico sem saber se os outros as vêem como eu as imagino.

Isto são as intenções, se elas correspondem ao efeito produzido naquele que vê, só ele poderá dizer.

Quando quiser oferecer em sua casa aos seus amigos, um espectáculo diferente, contacte-me e entraremos decerto em acordo.

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Contactos para espectáculo: Deodato Santos, 8600-013  Barão São João, tel. 914014882

deodato.esculturas@sapo.pt

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Deodato Santos na Artebúrguer: Teatro, Encontro, Exposição