O Baile da Desfolhada 11 de Setembro de 2010, pelas 16.30 h | ||
À conversa com Deodato Santos
acerca de gente e tradições de Lagos |
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Figuras de exposições breves dedicadas a José Carlos Vasques, a João Dias e a João Pires Marreiros
POR ALCUNHA "O XANGAI"
os anónimos misturadores de genes, de génios, de ideias, e outros homens do mar, não curam de saber se o que fazem tem algum interesse para os desígnios do Universo.
Zeca Xangai morreu em Timor e lá ficou, aí deixando de uma local múltipla descendência, da qual uma filha, que parece veio a Lagos visitar as origens e não encontrou família ou alguém que se lembrasse dele.
Que tenha passado por Goa, Damão e Diu, não se encontram registos que tornem verídico o episódio de uma carta para seu pai, em que, entre outras coisas fabulosas, descreve um elefante com asas.
O velho Xangai, que em imaginação não ficava atrás do filho, contou ao Dr. José Formosinho, de cujo museu era guarda, que o seu Zeca – ou Américo, não tenho certeza quanto ao nome – tinha visto um elefante com asas e cara de homem. O criador do museu sorriu e murmurou qualquer coisa como: "como vai longe o tempo dos descobrimentos". E acrescentou que se fosse um homem com cabeça de elefante, isso sim, existe e é uma divindade denominada Ganesh. Mas sem asas.
O velho nunca mais falou do assunto, mesmo quando, em frente da habitação à esquina de onde podia vigiar a porta do museu, sentando num pequeno banco – donde se levantava para ir olhar o tacho sobre o fogareiro a petróleo onde preparava a parca refeição (ervilhas quadradas com arroz) e cujos eflúvios chegavam à rua – passavam pessoas provocando-o para a conversa.
Séculos atrás, Zeca – ou Américo – Xangai teria sido marinheiro da Lusitânia, e o seu elefante teria entrado para a galeria dos animais mitológicos, ramo não menos nobre da Ciência.
E que sentido faz isto, estar eu hoje e agora prolongando a memória que se tem da existência de um Xangai – Américo ou Zeca – servindo-me de um elefante por mim imaginado, quantas vezes não imaginado por outros?
Interessa pouco o que ele tenha sido ou tenha feito, interessa sobretudo o que eu possa imaginar a partir dele, regressando por meu lado, a um tempo, de um colectivo que via coisas fabulosas.
A TRAVESSIA DO OCEANO PELO LACOBRIGENSE JOÃO DIAS
Embora temerária, a empresa não envolveu grande dispêndio de vidas humanas ou de fazenda.
Basicamente, tratou-se do aproveitamento de uma antiga técnica utilizada pelos alvoreiros, quando tinham de atravessar a vau a Ribeira de Bensafrim para vender na praça do peixe os seus apreciados bivalves.
Foi assim, que o lacobrigense João Dias, corria o ano de 1963, para admiração e gáudio dos seus contemporâneos, atravessou, com as calças arregaçadas até aos joelhos, o Café Oceano, em Lagos.
O VELHO DE LAGOS
Discordava do Velho do Restelo quanto a ser a conquista do Norte de África incompatível com a conquista de um Império.
Da janela manuelina, vibrando no uso dos seus dotes oratórios (ficou célebre um seu discurso pronunciado no Centro Cultural, sobre a urbanização Corte-Real ), os mais notáveis da nobreza do burgo, era isso mesmo o que ele dizia a D. Sebastião.
O discurso laudatório não o impedia de lembrar que nunca essa empresa, para a qual contribuíra com homens armados e cavalos, deveria diminuir o esforço na manutenção do sonho imperial, por mais custoso que ele se revelasse.
Fora o tema objecto de uma longa noite de discussão em casa do Velho de Lagos, onde o Monarca pernoitara na véspera da partida para Marrocos, tendo--se deliciado o Jovem com o saber geral do anfitrião, prometendo no seu regresso ir visitar o lugar onde se encontraria a primitiva Lacóbriga, além de uma vacaria pertença do ilustre historiador-pedagogo.
Tudo o que ficou dito nesse excepcional serão ficou passado a escrito, como sempre fazia DE TELLO QUEIROZ.
Infelizmente, a ocupação da casa, por revolucionários, aquando da queda do Império, fez desaparecer para os vindouros tão valiosos documentos.
Exposições breves: Baile da Desfolhada, a Sebastião Dias Murtinheira e a José Carlos Vasques
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Deodato Santos
Quando cheguei a Montmartre, em Paris, já Aznavour tinha cantado o declínio do Bairro dos Artistas, mas ainda deu para expor no histórico Salão dos Artistas Independentes. O que faço aprendi em Lagos, onde nasci antes do turismo: o meu pequeno teatro Sainete com Sebastião Murtinheira, na Mocidade Portuguesa; modelar barro com Mestre António da Luz e talha em madeira com Mestre Américo Guerreiro dos Santos no curso industrial; no curso comercial José Afonso disse-me para escrever. Não sou artista plástico: sou Figurista, faço figuras, raramente alegres. Fui membro de júri num Concurso de Cante Alentejano em Beja.
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Deodato Santos na Artebúrguer: Teatro, Encontro, Exposição