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Texto de apoio: “A
Ribeira e o Sino da Lota”(*)
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A
ZONA RIBEIRINHA |
RECORDAÇÃO
DO PASSADO |
PERSPECTIVA FUTURA |
Desse local, poucos, certamente, se recordarão. Onde
estava o Sino, o salva-vidas, a taberna do Joaquim Polícia,
as fábricas do Santana, do Frederico Delory, do Paolo Cocco e
a de São Gerardo, e a taberna da tia Páscoa. Alguns anos
antes, tinha sido iniciada a construção de um cais que nunca
foi concluído denominado Cais dos Pescadores, no mesmo local
onde se encontra hoje o paredão que protege a doca de
recreio.
Este pequeno abrigo, à falta de melhor, servia, bastando,
para as várias necessidades dessa zona ribeirinha. (…)
Várias estruturas de importância capital foram iniciadas
para logo, em seguida, caírem no marasmo e no abandono sem
conhecerem a sua conclusão: o tal Cais dos Pescadores; o
Porto de Abrigo (interior), cuja primeira pedra foi lançada
pelo rei D. Carlos I (por não haver mais nenhum com esse nome
antes dele); e o projectado grande porto, da autoria do Eng.
Abecassis.
(…) - A Avenida dos Descobrimentos, por força das
Comemorações Henriquinas, concluída apressadamente, teve de
ser complementada, mais tarde, com outra obra, do outro lado,
dado que o mar a podia destruir. Pois em dias de tempestade e
de grandes marés a água invadia a parte baixa da cidade. Com
a Avenida da Guiné, construída nos anos da Segunda Guerra
Mundial, depois desaparecida, tinha acontecido o mesmo. Mas a
lição não serviu de emenda (anos de 1931 a 1942).
Outro projecto houve, para a Avenida dos Descobrimentos,
que foi posto de parte por não passar junto à cidade e por
pedido ou imposição do comércio lacobrigense, que dizia
colidir com os seus interesses. Esse projecto, dizia-se,
respeitava a relação milenar da cidade com o mar, não a
descaracterizando portanto.
Ainda um outro projecto, esse sim, feito com pés e
cabeça e ensaiado no LNEC, posicionava o verdadeiro porto no
outro lado do rio. No local, segundo se dizia, da antiga
barra. Zona profunda, sem rocha, de fácil dragagem como se
viria a verificar com a actual Doca Pesca. No entanto, Salazar
rejeitou o projecto por o considerar muito dispendioso, quando
afinal, a avenida foi muito mais dispendiosa.
Não confundamos porto com avenida, esta é uma rodovia. A
avenida, panoramicamente agradável, é uma zona razoável de
lazer, embora, com alguma frequência, sujeita à nortada. Em
dias de Levante e noites calmas é um lugar aprazível.
A construção da doca de pesca deve-se ao novo ambiente político
proporcionado pela Revolução de 1974, assim como o
refundamento do canal de acesso que, necessariamente, tinha de
ser executado. Lamentavelmente essa obra não foi alargada ao
exterior dos molhes, evitando-se assim o encapelamento das
vagas à entrada do canal. (…)
(*)
EXCERTOS DE UM DOCUMENTO DE JOSÉ CARLOS VASQUES / CEMAL,
PUBLICADO NO CANALLAGOS, EM 13/4/2005 (com a devida vénia)
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