Lançamento de livro 24 de Janeiro de 2009, pelas 16.00 h | ||
“Papoilas de Janeiro”de M. Correia e T.C. Alvesfoi lançado
na Vila da Luz
“Papoilas
de Janeiro”, com texto de M. Correia e desenho de T.C. Alves, foi
apresentado na galeria restaurante “Artebúrguer”. Apresentação de JORGE CASTRO |
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M. Correia / TC Alves
M. Correia
Nasceu em
1948, em Lagos, cidade onde leccionou e reside.
Desde há
quatro anos, é autora do blog Repensando.
Entre prosa e poesia, tem a sua obra disseminada por
antologias.
TCA
Vive e
trabalha em Faro.
Gosta de
escrever, fotografar e pintar, mas, desde que se conhece, utiliza o desenho,
especialmente em traços minimalistas e por vezes abstractos, como forma
preferencial de expressão.
Está de volta
à Artebúrguer, onde, em Julho de 2008, expôs Riscos.
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os direitos para publicação desta obra
são
reservados por
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IMPRESSÃO
E ACABAMENTO - Duplix
ISBN 978-989-95967-3-3
Do prefácio:
Dir-se-ia poesia visual, se o conceito, como todos os conceitos, não
acabasse por espartilhar o que não se quer com amarras. Dir-se-ia um casamento,
de conjugação episódica, contudo de enlaces só feitos para se deslaçarem…
Entretanto a sensualidade escorre, fértil, das palavras, aconchegando-se ao traço,
mero indício, que circunda o corpo feminino num afago. A moldura da imagem é
pretexto para seguir um cânone que o próprio alinhamento das palavras nos
sugere. E ambos seguem, na cumplicidade de sentidos, traço e palavra cientes de
que a folha de papel é fugaz episódio circunstancial, já que o seu destino
comum está na sugestão do desfrute de recriar horizontes.
– Jorge Castro
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Textos:
trinta
e duas / exame
de rotina
/ acobreados
/ tardes
/ às
curtanheiras
/ papoilas de
Janeiro
/ a vizinha
/ dois palhaços
/ intermeso
/ papel
vegetal
/ estendais
/ tempestade
/ margaridas
/ verão azul
/ lua cheia
Trinta e duas
Eram mais de vinte: trinta cadeiras em quadrado, uma delas, escondida por
detrás de uma viga. Em cada cadeira sentava-se uma pessoa. As cadeiras estavam
numa sala onde havia quatro portas de entrada e uma porta de entrada e de saída.
Explico melhor para quem não viu: a sala tinha uma porta de vidros que badalava
para cá e para lá deixando entrar e sair e tinha mais três portas de madeira
pintada de amarelo com dedadas pretas na zona do fecho. Essas três portas
estavam fechadas. Eram portas de entrada. (...)
Papoilas de Janeiro
Contam-nas letras soletradas. Imagens pintadas uma a
uma com verbos conjugados em tempo e em pessoa. E com advérbios, um ou outro
adjectivo, frases e meias frases. Contam-nas. Nuas nas palavras. Cada peça de
roupa retirada: nem botões, nem molas, nem colchetes. Nada mais que uma fita de
nastro, ou seda fosse, deslaçada, atando as abas: duas frases, entre um travessão
e um ponto. Nada mais que duas frases sobre pele e alma. E o silêncio das
letras mal paradas: pontes de sílabas, hífenes, plurais e espantos. E a seda
da fita, ou que fosse nastro, uma ponta da outra desatando. Um cordão deslaçado,
escorregando. (…)
Desenhos:
dor
/ sala de espera / triste / hey! / despindo / devassando / frio / pudor /
vaidades / entardecer / puto / operária / curtanheiras / moçoilas / segredos /
papoilas / campos de perdição / vidas / vizinhas / tagarelas / labutas /
dualidades / palhaça / casada / só / desiludida / sonhadora / cartas de amor /
na escolinha / devaneios / com estas mãos / contra o vento / saltando / a dor
de Leonor / e agora? / céu de sangue / grito mudo / labirintos / morte citrina
/ desistindo / sonho
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