Apresentação de livro  4 de Dezembro de 2004, pelas 16.00 h

Tudo bons rapazes

 “Tudo bons rapazes" é uma novela dos nossos dias sobre o ambiente político-empresarial português, com uma apurada visão histórica e apresentada sob a forma de diálogos acesos entre as perso­nagens.

J. Pinto Sancho traz até ao leitor um Portugal contemporâneo, reavivando as memórias do envolvimento na Guerra Civil Espanhola, na aventura colonial e desvendando o aparecimento das multinacionais num país periférico. Através do percurso de uma família, acede-se a descrições pormenorizadas da promiscuidade [à moda portuguesa] entre o mundo da política e o das empresas, numa grande lição histórica, desprovida de falsos moralismos e carregada de uma enorme esperança no reformismo.

A Artebúrguer fica situada entre o parque de estacionamento e a Igreja, na Vila da Luz, perto de Lagos.

 

....

.J. Pinto Sancho nasceu em Lagos, em 1944, diplomou-se nos Pupilos do Exército e licenciou-se no Quelhas.

Fez tropa na Guiné.

É casado. Tem três filhas, também casadas.

Ensinou no ISCTE e na UAL.

Trabalhou na Banca, num centro comercial, no comércio de artigos para o lar, numa holding.

Trabalhou no governo, como secretário de estado.

Trabalhou na indústria alimentar, nos seguros, na metalomecânica, no comércio alimentar.

 

Somos um país de gente dada às letras. Por isso, menos propensa aos negócios, às ciências, às tecnologias, à política. Daí que a novela de raiz portuguesa tenda a não abordar o mundo do poder político e das organizações. Sejam elas partidos políticos, empresas, autarquias, tribunais, quartéis ou outras.

0 autor pretendeu, por força da sua vi­vência e preferências, fazer ficção sobre o ambiente político-empresarial português. De modo a enraizar as personagens em tal ambiente, dotou-as com espessura sócio--histórica. Naturalmente que, para tanto, foram incorporados ingredientes de ordem cultural e de intervenção cívica.

Aliás, confeccionados com indisfarçável tonalidade pedagógica que decorre da experiência académica do autor.

Sente-se a preferência por uma linguagem mais próxima da oralidade do que da escrita.

Ao ponto de a cadência das conversas e dos pensamentos ser assinalada com "três pontinhos" em vez das convencionais vírgulas.

As reticências são, todavia, usadas de modo habitual.

Num confronto íntimo vivido por uma per­sonagem-chave, a expressão gotas de tintura entrelaça-se com a ideia de refor­mismo. Enquanto a expressão bisturi se confunde com a de radicalismo.

Sente-se, neste âmbito, que no enredo está implícito um apelo à vigorosa participação sócio-política, pelo cidadão em geral, como indispensável a uma conduta mais res­peitável por parte dos Bons Rapazes.

Há, portanto, uma atitude de esperança no reformismo.

 

...