Exposição  27 de Setembro a 13 de Novembro de 2009

"poemArte6"

Colectiva de Outono

 

“Naquele ano dos sonhos, (…) pareciam-me desenhos de fábulas.”

“Vejo-as nas pétalas duma rosa, (…) vejo-as quando olho o espelho.”ND

“Tudo é princípio / sem fim (…) rumo à sereníssima / e perene / irrepetível / recta das estrelas.”VC

“Dormindo debaixo das mesmas estrelas.”VG

“É a “sua” casa … o seu lar … o seu mundo!

(…) continua na imaginação de cada um.”MIC

 

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Carlos Afonso, F. Castelo, João Guimarães, José Vieira Cabrita, Maria Inês Cerol, Maria João Cerol, Mário Martins, Nídio Duarte, Vera Gonçalves e Vieira Calado

 

 

Catálogo

 

       

  1.  Carlos Afonso, fotografia, Prosa I, II e III

 

   

     

2.  F. Castelo, fotografia, Poesia I, II, III e IV

 

 

3.  João Guimarães, pintura (óleo), Algarve

 

 

4.  José Vieira Cabrita, pintura (óleo), Pintura

 

 

5.  Maria Inês Cerol, texto/fotografia, Curta-metragem rodada na Vila da Luz

 

 

 6.  Maria João Cerol, pintura (colagem), Talvez...

 

 

 7.  Mário Martins, arquitectura, Casa Nostra

 

   

 8.  Nídio Duarte, poesia, Imagens / O Labirinto

 

 

 9.  Vera Gonçalves, desenho, Dormindo debaixo das mesmas estrelas

 

10.  Vieira Calado, poesia/ilustração, Tudo

 

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TUDO

Vieira Calado

 

 

 

Tudo é princípio

sem fim

na melancolia das formas

que rompem o ar

ao ar pertencem

e o alimentam.

 

São como lâminas

relâmpagos

que apontam o chão

e o despertam

rumo à sereníssima

e perene

irrepetível

recta das estrelas.

 

 

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IMAGENS

Nídio Duarte

 

 

 

Vejo-as nas pétalas duma rosa,

na lua das folhas que tombam,

na tonalidade da luz sobre a tela,

quando me deslumbro ou emociono

com as memórias do tempo que passou.

 

Vejo-as quando olho o espelho

e as marcas desse mesmo tempo,

cuja brevidade só entendemos

nos escritos duma lápide.

 

Vejo-as nos vazios dos discursos

que não marcam a diferença

e desperdiçam esse instrumento

de sublime simplicidade

e de modulações infinitas

que é a voz humana.

 

Vejo-as na leitura solitária

de uma tarde fria d’Inverno.

E sempre as vejo

quando permito que a sensibilidade

me invada e potencialize

todos os meus sentidos.

 

 

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O LABIRINTO

Nídio Duarte

 

 

 

Naquele ano dos sonhos,

falaram-me em derrubar barreiras

e na implantação da igualdade.

 

Naquele ano dos sonhos,

o meu léxico político

lia a cartilha de João de Deus.

E tudo o que ia vendo

pareciam-me desenhos de fábulas

preconizando novas formas de existência.

 

No rosto dos que nada tinham

lia-se a esperança do que iriam ter.

Nos que baloiçavam em berço d’oiro,

esfumavam-se os sorrisos

e desenhava-se o medo de perder.

 

E com o romper do dia,

surgiram exércitos de heróis,

cavaleiros andantes

que se misturaram com a multidão.

                   

Mas assim como não é fácil

ensinar as palavras a nadar,

também aqueles heróis de barro

nunca souberam evitar as marés

e furar as ondas.

 

Alguns ficaram rapidamente nus.

Outros continuam vestidos de

roupas que roubaram,

discursando e enganando.

 

Vivemos o labirinto,

onde uns e outros se confundem.

 

Poucos conseguiram encontrar

o circuito certo da democracia.

                   

 

 

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Organização de Cristiano Cerol 

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