Exposição  13 de Maio a 2 de Junhode 2007

"O Maio e as Maias" 

 

A exposição “O Maio e as Maias” é uma colectânea de fotografias e de informação vária acerca do mês de Maio e da tradição das Maias.

As fotografias foram colhidas na exposição que a Junta de Freguesia de S. Sebastião promoveu este ano, no Mercado da Avenida, em Lagos e a informação refere-se à lenda do mês que há-de vir, à tradição de armar as Maias, à história do Dia do Trabalhador e às flores, os provérbios, a poesia e as efemérides de Maio.

 

 

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Catálogo

 

Freguesia de São Sebastião

LENDAS TIPÍCAS

Na Cidade de Lagos o mês de Maio, especialmente o seu primeiro dia, era considerado aziago. Os seus naturais designavam este mês por “o mês que passou” ou por “o mês que há-de vir”. A origem desta designação remonta a muito antes de 1580, uma vez que cerca de 1600 Henrique Sarrão fixou a sua razão, que ouviu aos muitos antigos: Há muito era costume festejar-se na Cidade o primeiro dia de Maio “vestindo um estrangeiro com os mais ricos vestidos, que lhe podiam achar, e todo coberto d’ ouro, de muitas jóias, cadeas, braceletes, anéis e peças de muita valia, que lhe cosiam por cima dos vestidos, o  faziam cavalgar no melhor cavalo, e todos com suas trunfas na cabeça, adargas nos braços e suas lanças, andavam com ele por toda a Cidade, e adiante dele iam homens, tangendo em frautas, e muitas mulheres cantavam e dançavam, e diziam todos: Viva o nosso Maio”.

Tudo correu bem até ao ano em que:

“E tendo feito Maio a um estrangeiro, ornado e posto a cavalo, e dizendo-lhe, fora da cidade, que corresse, apertou as pernas ao cavalo e fugiu com todas as jóias e peças ricas da terra em Maio, e, por causa daquele homem, lhe chamaram mês, que não devera, em memória da grande perda, que tiveram”.

 A Cidade e o termo de Lagos no Período dos Reis Filipes pag. 375”

 http://www.cm-lagos.pt/portal_autarquico/lagos/v_pt-PT/menu_municipe/orgaos_autarquicos/juntas_freguesia/sao_sebastiao/

 

   

Aqui, os Maios (Mayos, em Espanha) são bonecos representando pessoas, em tamanho natural, vestidos e calçados com a nossa roupa, aprontados tal como as pessoas, em atitudes humanas normais, isolados ou em conjunto, representando cenas do quotidiano (passado ou actual).

No primeiro dia de Maio de madrugada, estas figuras (quase sempre realizadas durante a noite de 30 de Abril), são colocados nas portas, varandas, jardins, quintais, ruas, largos, etc.. Junto de cada boneco ou sobre o próprio, estará (ou não) colocada a sua fala. Por vezes, haverá também uma descrição ou narrativa (especialmente nas cenas). Estas narrativas, ou mesmo o dizer de cada boneco, tomam por vezes a forma de versos.  Os bonecos, as cenas, os dizeres e as narrativas, quase sempre bem revestidas de humor, têm muitas vezes um sentido crítico, outras vezes satírico (em especial quando há motivo para isso, na comunidade local, regional, nacional ou mesmo internacional), mas a maioria das vezes são apenas uma celebração saudável do quotidiano.

Conhecemo-los ao longo da fronteira (Centro-Sul) Portugal-Espanha, em especial em Espanha, Estremadura, (San Vicente de Alcantara, Santiago de Alcantara, Valencia de Alcantara, Puebla de Obando, ...), mas nós conhecemo-los especialmente no Algarve, concelho de Olhão, nos Açores (ilhas Terceira, Graciosa, ...), nas Canárias (Santa Cruz de La Palma). Mas aparecem também noutros locais, como Jimenez de Jamuz (La Bañesa, León) e Alhama de Murcia (Valencia).

http://maios.extar.net/

 

      

PROVÉRBIOS

A melhor cepa, Maio a deita.

A velha, em Maio, come castanhas ao borralho.

Em Maio, a chuvinha de Ascensão dá palhinhas e dá pão.

Em Maio, a quem não tem, basta-lhe o saio.

Em Maio, até a unha do gado faz estrume.

Em Maio ainda os bois estão oito dias ao ramalho.

Em Maio de calor, a todo o ano dá valor.

Em Maio deixa a mosca o boi e toma o asno.

Em Maio espetam-se as rocas e sacham-se as hortas.

Em Maio, nem à porta de casa saio.

Mês de Maio, mês de flores, mês de Maria, mês dos amores.

Em Maio, passarinho em raio.

Em Maio verás a água com que regarás.

Maio chuvoso, ano formoso.

Maio claro e ventoso, faz ano rendoso.

Maio hortelão, muita palha e pouco grão.

Maio jardineiro, enche o celeiro.

Maio o deu, Maio o leva.

Maio pequenino, de flores enfeitadinho.

Quando em Maio arrulha a perdiz, ano feliz.

Quem em Maio relva não tem pão nem erva.

 

http://web.rcts.pt/~pr1085/Prov/Amaio.htm

 

 

   

O Dia do Trabalhador (no Brasil também chamado Dia do Trabalho) é celebrado anualmente no dia 1 de Maio em numerosos países do mundo, sendo feriado nacional em muitos deles.

No dia 1 de Maio de 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de centenas de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns protestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.

Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.

A 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adota o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países.

Em Portugal, só a partir de Maio de 1974 (o ano da revolução do 25 de Abril) é que se voltou a comemorar espontaneamente o Primeiro de Maio. Durante o Estado Novo este dia tinha a denominação de Dia do Trabalho e era organizado e controlado pelo Estado.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Trabalhador

   

Dias Internacionais

(observados pelo sistema das Nações Unidas)

 

03 Maio - Dia do Sol (Programa das Nações Unidas para o Ambiente)

03 Maio - Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (UNESCO)

15 Maio - Dia Internacional das Famílias

17 Maio - Dia Mundial das Telecomunicações (União Internacional das Telecomunicações)

21 Maio - Dia Mundial para o Desenvolvimento Cultural

21 Maio - Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento

22 Maio - Dia Internacional da Biodiversidade

25 Maio - Dia de África

29 Maio - Dia Internacional das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas

31 Maio - Dia Mundial do Não-Fumador (Organização Mundial de Saúde)

 

http://web.educom.pt/paulaperna/datas_internacionais.htm

   

Maio, Maduro Maio  /  Zeca Afonso

 

Maio maduro Maio

Quem te pintou

Quem te quebrou o encanto

Nunca te amou

Raiava o Sol já no Sul

E uma falua vinha

Lá de Istambul

 

Sempre depois da sesta

Chamando as flores

Era o dia da festa

Maio de amores

Era o dia de cantar

E uma falua andava

Ao longe a varar

 

Maio com meu amigo

Quem dera já

Sempre depois do trigo

Se cantará

Qu’importa a fúria do mar

Que a voz não te esmoreça

Vamos lutar

 

Numa rua comprida

El-rei pastor

Vende o soro da vida

Que mata a dor

Venham ver, Maio nasceu

Que a voz não te esmoreça

A turba rompeu

  http://adtempus.blogspot.com/2007/05/cantigas-de-maio-poemas-em-flor.html

 

        

AS MAIAS

Todos os anos no “último de Abril” as pessoas continuam a fazer questão de arranjar o seu ramalhete de giestas amarelas para colocarem nas portas ou janelas e assim cumprirem a tradição: apanhadas, compradas ou dadas “as maias” não podem faltar e devem colocar-se antes da meia noite.

“Para que haja fartura”, “para espantar o carrapato”, “ contra o mau olhado” , “contra as bruxas”... Tudo isto ouvi eu ontem quando fazia a ronda no bairro, manhã de sábado e de sol, puxando a conversa. No prédio, a vizinha, tinha-me prevenido:”Já lá tenho para si também, se quiser!”

É da Beira-Alta a quadra que José Leite de Vasconcelos trancreve nos seus apontamentos sobre os costumes tradicionais ligados ao 1º de Maio, mas também por cá se poderia pois cantar:

«A flor da giesta / Quem a tem logo a empresta / A flor da cana / Quem a tem logo a apanha.»

Escreve Leite de Vasconcelos:

«(...) As Maias propriamente ditas constam de duas partes: o enramalhamento das portas e o Maio-moço. Tratemo-las em separado.

1- No primeiro de Maio, no Douro, Beira-Alta, Minho, etc. enfeitam-se as portas das casas com ramos de giestas amarelas, chamadas Maias, que aqui no Porto são vendidas pelas ruas no último de Abril.

O povo dá estes costumes duas explicações, conforme eu disse num folhetim inserto n a Vanguarda, nº20 de 1880 (...): a) Quando a Virgem foi para o Egipto deixou pelo caminho muitos ramos de giesta para não se enganar na volta; b) Quando Jesus Cristo nasceu, os judeus procuraram-no para o matarem, e, como soubessem que ele estava numa casa, colocaram-lhe à porta um ramo de giesta, afim de no dia seguinte o prenderem. Nesse dia, porém, todas as casas da povoação apareceram marcadas, e os judeus não puderam dar com ele.

Em Vermoil, o costume sofre uma modificação: as cortes de gado são enfeitadas com ramos de carvalho, ao que chamam “maiar o gado”. (Junho de 1882)»

 

In As maias: costumes populares portuguezes: carta ao illustre folklorista hispanhol o Sr. D. F. Rodrigues Maria, José Leite de Vasconcelos.- Barcelos: [s.n.], 1882. - Extr. do “Tirocinio”

  

http://dias-com-arvores.blogspot.com/2005/05/as-maias.html

 

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Fotografias obtidas na exposição “AS MAIAS” 2007, organizada pela Junta de Freguesia de S. Sebastião, que esteve patente no Mercado da Avenida, em Lagos

 

Autores dos trabalhos:

 

Deolinda Bravo

Glória Pacheco Norte

Biblioteca Escolar EB1 nº 1 de Lagos

Jardim de Infância Ameijeira e Meia-Praia – Agrupamento Horizontal nº 2

Escola EB1/JI Ameijeira

Grupo Biblioman-Tic/BE

Escola EB1 nº 2 de Lagos

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A Junta de Freguesia de S. Sebastião tem mantido a tradição das MAIAS em Lagos

 

http://www.ssebastiao.lagosdigital.com/

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deLagos.net