Exposição  19 de Março a 15 de Abril de 2005

 “Da Imagem à Palavra”

de Franco de Lagos

 

Partindo de fotos antigas, por si trabalhadas e de outras actuais, de sua autoria, o artista consegue uma pintura muito pessoal, onde a poesia se salienta, quer na imagem final, quer no texto histórico que, de uma ou outra, não resiste a contar.

A exposição poderá ser visitada de segunda e sexta, das 10 às 23 e das 19 às 23 horas e ao sábado durante todo o dia.

 

..

 Trabalhos expostos:

     

– Da imagem à palavra / Azenha do Paul / Sertório / Baía e o coreto / Cais dos ingleses / Primavera;

        

  

                                

Início séc. XX: Aldeia da Luz / Nossa Senhora da Luz / Praia da Luz / Mendigo / Aguadeiro / Lavadouro / Entrada da cidade / Ribeira de Bensafrim / Havaneza / Câmara Municipal / Rua da Barroca / A baía e o coreto / Cais da Alfândega / Bairro da Ribeira / Cais dos Ingleses / Cidade vista da Barra / Cais / Praia dos Estudantes / A cidade e a Baía;

           

Início séc. XXI: Praia da Luz / Rocha da Luz / Marina de Lagos / Câmara Municipal / Sentinelas / Entrada da Barra.

 

_________________________________________________________________________

Da imagem à palavra

 

Eu sei que é usual apresentar o currículo para mostrarmos ao público como chegámos até aqui, isto é, apresentarmos o que consideramos ser Arte. No entanto, desde há muito me deixei dessas coisas. Acho bem mais interessante aproveitar este espaço para explicar o porquê da exposição.

Não interessa explicar que andei pelos continentes em busca de captar momentos raros, que andei pelo sertão na descoberta de lugares que só através da História conhecia, nos mares da China na ânsia de fotografar a sua cultura e suas formas de vida. Não interessa dizer que pertenço a uma Academia de Letras ou que trabalhei na Alta-costura, nem importa quantas exposições fiz ou onde as fiz, não, nada disso vem aqui para o caso. Bem melhor é aproveitar este espaço para vos falar desta exposição, para explicar a razão do seu teor.

Lagos é a minha terra adoptiva. De tal maneira me senti adoptado que até o nome dela ficou na imagem de marca dos meus trabalhos. É uma cidade que amo e por ela me sinto amado. Por esta razão e como uma das primeiras coisas que aprendi foi a palavra “gratidão”, desde há muito tempo que dela falo, um pouco por toda a parte, e dela faço entender ao Mundo que é das coisas mais belas que conheço. Por obra e graça de um senhor por quem nutro muito carinho, vou poder ver a bandeira desta cidade nas próximas cerimónias na minha Academia de Letras. Era uma lacuna que me entristecia. Assim, o meu orgulho por Lagos será mais pleno.

Como o amor pela “minha terra” é imenso, tento por todos os meios conhecê-la o mais que posso. Por essa razão, remexo no seu passado, pouco me importando se ela foi construída por Brigo no Paul ou no seu actual lugar, se o nome dela vem de “Lacco” e seu criador eventual o General Brigo ou se esse nome advém da palavra céltica que quereria dizer “cidade lá no alto” ou “altura fortificada”, o que encaixaria de certa maneira com os antigos Castros. Sei que certos historiadores acharam mais fácil dizer que o pai desta cidade era Brigo, pois tinham certa dificuldade em explicar por que razão haveria tanta terra na Península Ibérica a terminar em “Briga”. Certo é que está escrito que ela foi fundada no ano de 1899 (a. C.). Parece que também está certo que foi reconstruída no ano de 359 (a. C.) pelo capitão cartaginês Bohodes. Os entendidos dizem que é uma cidade com muita História e muito sofrimento e, por essa razão, eu sei que ao apaixonar-me pela cidade não estava apenas a apaixonar-me pelas suas belezas naturais, estava, sim, também, a apaixonar-me para todo o sempre pela sua Alma.

Desta forma, para confirmar o que atrás escrevi, para além do seu Passado mais longínquo, debrucei-me também sobre o seu Passado recente, sobre o início do século XX, vi fotos desta época e com carinho restaurei-as o melhor que pude, dando-lhe um toque de pintura para atingir um melhor dimensionamento romântico, um toque que eu daria se pudesse, se fosse pintor e se fosse mágico para poder andar cem anos para trás. Vi suas belezas passadas e, para melhor ver o caminho percorrido nestes últimos cem anos, juntei-as às do Presente, igualmente com retoque de pintura, para que elas possam perdurar no tempo. Para que elas se imortalizem, nada como fazer esse trabalho em tela, a cores ou a preto e branco.  Para que o conteúdo das minhas imagens ficasse completo, nada como acrescentar pequenas histórias da nossa cidade. Foi a minha forma de juntar a palavra à imagem.

Se um general, por sinal, de apelido Brigo, deu o nome à cidade, pouco importa. Importa, sim, é salientar o seu nome de origem, Lacóbriga, nome esse que ainda perdura através dos tempos, dando vaidade a todo o Lacobrigense, nascido ou adoptado, por assim ser chamado.

Pois é, agora que expliquei a razão pela qual escrevi no espaço do meu currículo esta forma de ver e amar, espero que me compreendam e entendam a minha forma de estar.

Franco de Lagos

_________________________________________________________________________

http://francoexpo.no.sapo.pt/