Pela Lente 9 de Agosto de 2006, pelas 18.00 h | ||
À conversa com F. Castelo
Que mudanças operou o digital no universo da Fotografia? Face ao fenómeno de universalização no registo de imagens (telemóveis e câmaras digitais) como fica a “linguagem” fotográfica? Da pureza do negativo de impressão integral à moderna edição electrónica, conceitos, reflexões e experiências. Uma fotografia é um momento real ou uma sua mistificação? E a magia do laboratório, ainda existe? Estes e outros temas estiveram em debate, ou apenas em
amena cavaqueira, entre entusiastas da Fotografia. |
mmm
F. Castelo
Comecei a fotografar
em 1977, numa abordagem exclusivamente amadora, em 1979 entrei para o Centro de
Estudos Subterrâneos que tinha a sua sede num laboratório de fotografia do
“Estúdio CS”. O ambiente de laboratório/estúdio, e os ensinamentos do Mário
Santos, proporcionaram--me as bases da Fotografia. Mais tarde trabalhei no
Laboratório Industrial Montecolor, na distribuição das fotos pelo Algarve, e
esse contacto com o meio, com os profissionais e com alguns mestres da
Fotografia, permitiu--me evoluir mais um pouco. Actualmente, como técnico
profissional de audiovisuais da Câmara Municipal, a Foto reportagem ocupa 90%
dessa actividade, embora a minha paixão seja o retrato. Afinal, a alma da
Fotografia. Mas é a vertente do hobby que mais tem contribuído para a minha
evolução como fotógrafo. Desde os fóruns de discussão temática à exibição
das minhas fotos e visualização dos trabalhos de outros fotógrafos na
Internet, tudo isso me ocupa 2 a 3 horas por dia. É uma escola de aprendizagem
contínua.
Sábado,
Abril 16, 2005
(em
entrevista ao Notícias de Lagos)
«Encaro esse progresso como um mecanismo libertador da
Fotografia e espero que a transforme em algo tão natural e aceitável por
todos, que as pessoas deixem de se “encolher” quando estão sob a mira da
objectiva. ...E não temo que essa universalização da Fotografia a desvirtue
ou retire o trabalho aos fotógrafos. ... não é pelo facto de todos sabermos
escrever que os escritores ficaram sem actividade. Porque escrever BEM, com a
tinta na caneta ou com a luz na máquina fotográfica, continuará a exigir o
concurso da imaginação, da sensibilidade, da intencionalidade criativa, em
suma continuará a ser necessário exercitar o intelecto...»
F.Castelo
“...uma
educação através das imagens foi típica de qualquer sociedade absolutista ou
paternalista; desde o antigo Egipto à Idade Média. A imagem é o resumo visual
e indiscutível de uma série de conclusões a que se foi chegando através da
elaboração cultural; e a elaboração cultural que se serve da palavra
transmitida por escrito, é apanágio da elite dirigente, ao passo que a imagem
final é construída para a massa submetida. Nesse sentido, têm razão os
maniqueístas: existe na comunicação por imagem algo de radicalmente
limitativo, de insuperavelmente reaccionário. E, todavia, não se pode recusar
a riqueza de impressões e de descobertas que em toda a história da civilização
os discursos por imagem deram aos homens...”
Humberto
Eco
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